Joelma Giro: a Professora da Emoção

Cantora da Jovem Guarda, Joelma, Pombinha Branca

 

Joelma (a Pombinha Branca) começou sua vida profissional como professora, ainda muito jovem. Sua formação foi motivo de orgulho para muitos mestres, especialmente em Duque de Caxias, no estado do Rio de Janeiro, onde ela sempre foi muito querida. Mas, apesar do carisma e talento para ensinar, ela seguiu outro caminho: o da música.

Com voz marcante e interpretações emocionadas, Joelma conquistou o público e colecionou prêmios. Participou de diversos programas de TV e se tornou conhecida em países como Portugal, França, Inglaterra e em toda a América do Sul. Entre as mulheres da Jovem Guarda, Joelma foi uma das poucas que também compunham suas próprias músicas.

Se a escola perdeu uma professora talentosa, a música brasileira ganhou uma artista completa, uma verdadeira mestra da emoção. Seus discos guardam registros inesquecíveis de uma artista sensível, intensa e original.

Joelma Giro: a pioneira

Nascida em Cachoeiro de Itapemirim em 19 de setembro de 1945, é uma cantora brasileira conhecida por sua voz potente e estilo único. Iniciou sua carreira ainda jovem, participando de festivais e programas de rádio.  Seu pontapé inicial nas ondas radiofônicas foi na emissora da Baixada Fluminense, no Rio, Rádio Difusora Duque de Caxias, 1590 KHz, emissora que iniciou suas atividades na década de 1950, cantando nos programas de calouros.  Por esse veículo de comunicação passaram nomes importantíssimos na Música Popular Brasileira, um deles, Joelma. 

Quando o famoso Roberto Carlos ainda era um guri arteiro, com seus cinco anos, uma linda menina nascia pelas bandas de Cachoeiro de Itapemirim–ES. A garotinha foi batizada com o belo nome de Joelma. Ainda bebê, veio com sua família aqui para o Rio de Janeiro, estabelecendo-se no município de Duque de Caxias

A garotinha que gostava de cantar

A criança Joelma Giro

 Com seis anos, auxiliando na limpeza da área em que ficavam os cabritinhos da família, ela pegava a vassoura, abria o sorriso e soltava a voz bem colocada, que ecoava, indo até ao barzinho das proximidades, despertando a admiração do comerciante e fregueses. A comadre de sua mãe também tecia vários elogios. Assim, Joelma Giro (ou simplesmente Joelma, como ficou conhecida), descobriu-se cantora. Desde muito cedo, a pequena garota mostrou que tinha uma alma cantante, completamente apaixonada pela arte de interpretar canções. 

Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

cantora Joelma jovem guarda jovem
A jovem cantora Joelma inicia a carreira

 Não demorou, e ela, aos doze, passou a se apresentar na Rádio Difusora de Duque Caxias — emissora AM, faixa de 1590 kHz. Comecei a trabalhar nessa emissora em 1995, e pouco anos depois, quando ela mudou de frequência, sendo transmitida em 1480 kHz, com o nome fantasia de RDC 1480 AM, tive a alegria de entrevistá-la no início dos anos 2000, através dos esforços de Carlos Alberto, que apoiava o programa na produção. Joelma falou de sua carreira no “Vitrola da Saudade”, que ia ao ar nas tardes da emissora. Com muita simpatia, humildade e gratidão, a cantora de muitos sucessos declarou ao povo caxiense, através das ondas da RDC AM, toda a sua gratidão. Joelma lembrou da acolhida e apoio no início de sua caminhada artística, especialmente, no auditório da Duque de Caxias, onde agraciava aos ouvintes com sua interpretação cheia de paixão, ainda bem jovem. A cantora narrou os acontecimentos e várias curiosidades de sua jornada no mundo da música. Foi um momento muito especial para nossa audiência. 

Joelma tomou decisões e enfrentou todos os desafios para realização de seu sonho: cantar. Na Rádio Difusora Duque de Caxias, ela ganhou todos os concursos na década de 1950. Com sua voz afinada, encantava as plateias e evidenciava o talento que possuía para a vida artística. Os seus vizinhos do município da Baixada Fluminense ficaram orgulhosos da moradora ilustre que se destacou no Rio e conquistou o Brasil.

Carrossel Joelma Giro

Na festa de aniversário da Rádio Difusora de Caxias, encantou com sua magnífica voz nada mais nada menos que Emilinha Borba. Ao ouvir Joelma cantar “Chão de Estrelas”, o clássico de Silvio Caldas e Orestes Barbosa, a saudosa rainha do rádio não pensou duas vezes, pegou a garotinha de Caxias e a levou para se apresentar no popular programa Papel Carbono, apresentado por Renato Murce, na “PRE-8″, ou Rádio Nacional, se preferir. O ano era 1953. Só para constar, o programa de Murce foi um celeiro de estrelas. Atenção para alguns nomes que passaram por ele: Angela Maria, Os Cariocas, Doris Monteiro, Agnaldo Rayol, Roberto Carlos, Baden Powell e muita gente boa. Joelma era uma pré-adolescente e já conquistava fãs nas ondas sonoras. 

Disco com um dos maiores sucessos de Joelma: "Aqueles Tempos"

Joelma enfrentou o gongo de Ary Barroso

 Joelma também deu seus primeiros passos na música, indo aos palcos de shows de calouros de várias emissoras, inclusive, no programa de Ary Barroso, conhecido por sua genialidade nas composições e por ser implacável com os aspirantes ao canto que iam ao “Hora do Calouro”, na Rádio Tupi.  Na década de 1950, conseguir uma oportunidade como cantor no programa de auditório apresentado por Barroso, não era tarefa fácil. O candidato era submetido à pressão logo no palco, durante uma conversa ao vivo com o apresentador, momentos antes de começar a cantar. Durante a interpretação da música, o gongo era tocado ao primeiro sinal de desafinação por parte do calouro, que, muitas vezes, sentia-se constrangido e, em alguns casos, até mesmo chorava ao deixar o auditório.
Barroso não gongou nossa estrela, mas não perdeu a oportunidade para corrigir um deslize na letra da canção “Risque”, do próprio Ary. Isso foi lá pelo final da década de 1950, quando Roberto Carlos já estava no Rio.

Joelma, uma cantora premiada

  No início da década de 1960, com a efervescência da “Beatlemania”, o rock dominando o planeta e o pré-nascimento da Jovem Guarda, Joelma, finalmente, realiza um sonho: grava seu primeiro disco! Foi em 1963, pela gravadora Chantecler, interpretando o bolero “Incompreendida”, de Leonel Cruz e José Antônio, e o samba-canção “Só ele”, de Roberto Muniz e Heitor Mangeon.  Em 1966, gravou o LP “Joelma”, também pela Chantecler, interpretando composições como “Balada do Sol”, de Moacyr Franco e Jean Miranda; “Pra Que Sonhar”, de Adelaide Chiozzo e Carlos Matos, e “Sim”, de Sérgio Reis, além de duas composições de sua autoria: “Eu não quero” e “Não Me Deixes Não”, esta última, uma versão sua para “Je Ne T’Aime Plus”, de Christophe.  Entre seus grandes sucessos estão: “Não diga nada” (1965), “Perdidamente te amarei” (1966), “Não te quero mais” (1967), “Esta tarde vi chover” (1968) e “Aqueles tempos”, canção gravada em 1968, versão de Fred Jorge para “Those Were The Days”, o hit ficou nas paradas de sucesso em todo o país. Além dessas, outras músicas marcam a trajetória vitoriosa da artista. Confira abaixo trechos de grandes sucessos da artista.

Resumo da carreira artística de Joelma Giro

Joelma Giro - Pombinha Branca

 A Pombinha Branca, como é chamada Joelma por seus fãs, começou a carreira artística na década de 1960, interpretando músicas de Ângela Maria, Agnaldo Rayol e Joselito no programa de rádio “Clube do Guri”. Em 1953, foi levada por Emilinha Borba ao programa “Papel Carbono”, de Renato Murce, na Rádio Nacional (RJ). Em 1963, lançou seu primeiro disco pela gravadora Chantecler, com o bolero “Incompreendida”, de Leonel Cruz e José Antônio, e o samba-canção “Só ele”, de Roberto Muniz e Heitor Mangeon. Já em 1966, gravou o LP “Joelma” pela Chantecler, incluindo músicas como “Balada do Sol”, de Moacyr Franco e Jean Miranda, “Pra Que Sonhar”, de Adelaide Chiozzo e Carlos Matos, e “Sim”, de Sérgio Reis, além de duas de suas próprias composições: “Eu não quero” e “Não Me Deixes Não”, esta última uma versão de “Je Ne TAime Plus”, de Christophe. O álbum contou com acompanhamento da Orquestra Chantecler, com arranjos e regências de Willy Join. No ano seguinte, obteve sucesso em Portugal com o compacto duplo “Onde estás”, “Não te quero mais”, “Acredito que te amo” e “Não me deixes não”. Em 1976, gravou pela Continental o LP “Joelma”, incluindo “Sem Querer Me Apaixonei (Sin Quererlo Yo Me Enamore)”, de Marquito e Robert Livi, “Venha Ver Meu Fim”, de Silvio Brito, e duas de suas próprias versões, “Livre”, para “Libre Como Gaivota”, de Felipe Gil e Mário Arturo, e “Um Momento de Amor Maior”, para “We Way Never Love Like This Again”, de Al Kasha e Joel Hirschhorn. 

Comemoração pelos 50 anos de carreira

Em 2015, lançou o CD “Joelma–50 Anos do Primeiro Sucesso”, comemorando os 50 anos do lançamento de seu primeiro grande sucesso, “Não Diga Nada”, regravado neste CD, que incluiu também músicas como “Ritmo da Chuva”, “Cenas de Amor”, “Tem Que Ser Com Você”, “Loucuras de Amor” e “Nossa Senhora Aparecida”. Entre seus sucessos estão “Não diga nada”, de Rossini Pinto e Fernando Costa, e “Alguém me disse”, de Jair Amorim e Evaldo Gouveia. Com grande sucesso popular, realizou numerosas apresentações no exterior e gravou discos em espanhol.

Joelma Giro é, sem dúvida, uma das vozes mais intensas e emocionantes da música brasileira — uma verdadeira professora da emoção.

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