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Há quem diga que casamento é coisa de maluco. Será? Se é, está explicado porque o bom e velho Maluco Beleza se casou cinco vezes. Muitas mulheres mexeram com o coração do baiano. Dos relacionamentos ele teve três filhas. A história amorosa da lenda começa na Bahia. Em 1966 ele foi acometido por uma paixão avassaladora. Raulzito, que ainda era um rapazola, completamente encantado com o som das guitarras, se apaixonou por uma moça, Edith, de uma família extremamente conservadora, cujo pai era pastor de uma igreja evangélica. A garota era norte-americana, o que não impediu um bom diálogo entre os dois, sendo que, o mesmo não se deu com o progenitor que não admitia o romance do roqueiro com sua jovem donzela, e por isso, mandou a filha para os Estados Unidos. Sabe como é, “fósforo perto de pólvora”…
Raulzito com a jovem Edith Wisner |
De acordo com o próprio Raul, não adiantou nada, eles se correspondiam o tempo todo por cartas. Hoje, com o imediatismo da Internet, nem todos conseguem imaginar o que era esperar uma carta do broto. Para convencer o sogro, Seixas passou no vestibular, e enfim, contraiu núpcias com Edith Wisner, em 1967. Com a união garantida, voltou com a banda “Os Panteras” e partiu para o Rio de Janeiro. Sua esposa Edith foi companheira em todos os momentos do artista, nos bons e maus momentos, até que ele chegou à gravadora CBS, para atuar como produtor musical. Na companhia dela, estourou no Brasil com “Ouro de Tolo”, em 1973. Foi para o exílio e a levou, em companhia do parceiro Paulo Coelho e esposa, à época, Adalgisa Rios. Com Edith, Raul teve uma filha, Simone.
Quando terminou seu exílio, Raul retomou suas atividades no Brasil, e começou também um novo relacionamento (sem terminar direito o anterior). A lenda da MPB se encantou com Glória Vaquer, outra norte-americana, irmã do guitarrista de sua banda, Jay Vaquer. Muito chateada com o “Maluco”, a primeira esposa, Edith, vai para os Estados Unidos e leva a filha Simone. O Cantor passou a ver a filha só nas gravações que fez com seu Super-8. Nesse período, sua carreira entra em uma fase mais esotérica, por influência do parceiro Paulo Coelho. Glória, sua nova esposa, gostava de compor com Seixas. No LP Novo Aeon, de 1975, ela faz a primeira parceria em “Sunseed”. Glória também canta na faixa. Os dois também compuseram “Love Is Magick”.
Raul e Glória Vaquer (1976), grávida de Scarlet |
Ao lado de Glória, Raul teve a segunda filha, Scarlet. Por esse tempo, ele termina a parceria com Paulo Coelho e rompe com a Gravadora Philips. A turbulência dessa fase também interferiu em sua vida amorosa. O segundo casamento terminou tal qual o primeiro. Glória e Scarlet também foram para os Estados Unidos. Ele logo inicia um relacionamento com Tânia Menna Barreto, que por diversas vezes declarou ter conhecido Raul em 1976. Com ela, o músico, um tempo depois, foi para o interior da Bahia, onde iniciou um tratamento para amenizar os efeitos da pancreatite. Já em são Paulo, o cantor foi submetido a uma cirurgia onde perdeu parte do pâncreas, em razão do consumo excessivo de álcool. Com a nova companheira assina duas composições no disco “Mata Virgem”, de 1978, pela gravadora WEA. Para homenagear a esposa, compôs “Tânia”, que ele gravou depois como “Baby”.
Raul Seixas e Tânia Menna Barreto (1978) |
A década foi quente, em 1979 Raul rompeu com a gravadora WEA, mas não saiu de “mãos abanando”, saiu levando a secretária de imprensa da empresa, Ângela Costa, a Kika Seixas (para não perdermos a conta, foi a quarta esposa). Na vida profissional, Seixas diminuiu o ritmo. Foi aí que o casal decidiu ir para São Paulo, onde nasceu Vivian, filha dele com Kika, em 1981. Após o disco “Abre-te Sésamo”, de 1980, Raul passou por um período de pouca produtividade e não conseguiu emplacar mais nada. A coisa virou em 1983, quando ao gravar no Estúdio Eldorado a canção “Carimbador Maluco”, voltou à mídia, participando inclusive, com essa música, tempo depois, de um especial da TV Globo. No ano seguinte, ainda conseguiu chamar a atenção do público com “Metrô Linha 743”. Infelizmente, o Maluco Beleza foi sucumbindo em seus vícios. Uma das mentes mais criativas de nosso cancioneiro perdeu a batalha para o alcoolismo e outras drogas. A relação que tinha com Kika não teve como se sustentar. Separação, mais uma vez.
Raul com Kika Seixas (quarta esposa) |
Com esse drama pessoal, vai buscar refúgio outra vez em Dias d’Ávila, no interior da Bahia. Dessa vez, nosso roqueiro estava com Lena Coutinho, que veio a ser sua quinta esposa. Com a saúde equilibrada, ao menos, aparentemente, fecha um contrato com a gravadora Copacabana. Com ajuda da atual esposa, Lena, ele compôs “Quando Acabar o Maluco Sou Eu”, “Paranoia II”, “Loba”, “A Pedra de Gênesis”, “Fazendo o Que o Diabo Gosta”, “Não Quero Mais Andar Na Contramão” e “Senhora Dona Persona”, que foram lançadas nos vinis (LPs) Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum! e A Pedra de Gênesis.
Raul e Lena Coutinho |
A relação do músico com Lena também não se sustentou. Após algumas brigas e internações, também chegou ao fim em 1988. Raul Seixas não se casou outra vez, ficou sozinho até 21 de agosto de 1989, quando partiu. Apesar da vida agitada e dos altos e baixos, nada disso apaga a genialidade de um dos músicos mais ousados e criativos que a indústria fonográfica brasileira já conheceu. Realmente, ele poucas vezes se esforçou para “ser um sujeito normal, e fazer tudo igual”.
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