5 Casamentos e Um Maluco Beleza: Os Amores de Raul e Sua Trajetória Musical

As Mulhere de Raul Seixas

💍 Os cinco casamentos de Raul Seixas

Raul Seixas não foi apenas um dos maiores nomes da música brasileira — foi também um homem intenso em todos os aspectos da vida. E isso se refletia nas suas relações amorosas. Ao longo de sua trajetória, o Maluco Beleza viveu cinco casamentos marcados por paixão, conflitos e transformações. 

Há quem diga que casamento é coisa de maluco. Será? Se é, está explicado porque o bom e velho roqueiro se casou cinco vezes.  Dos relacionamentos ele teve três filhas.

As histórias e paixões do Maluco Beleza parecem ter saído de um roteiro cinematográfico. Entre discos revolucionários e crises existenciais, Raul viveu amores profundos e turbulentos com mulheres muito diferentes entre si. Este artigo mergulha nas histórias de cada uma dessas companheiras, revelando os bastidores afetivos que influenciaram sua obra e sua trajetória.

🧡 1. Edith Wisner – Primeira esposa (1967–1974)

O primeiro casamento de Raul aconteceu ainda nos anos 1960, com Edith Wisner, uma norte-americana com quem viveu nos Estados Unidos por um curto período. 

Edith Nadine Wisner foi a primeira esposa de Raul Seixas e o seu primeiro grande amor. Professora de inglês, americana e filha de um pastor protestante, ela conheceu Raul em Salvador, por volta de 1965. Curiosamente, Raul inicialmente flertava com sua irmã, Esther, antes de perceber que Edith era seu verdadeiro interesse.

Separados por um período em que ela voltou aos EUA, os dois trocaram mais de 300 cartas até se reencontrarem e se casarem em 1967, data que coincidiu com o aniversário de 22 anos do cantor. O casamento foi marcado por companheirismo e dificuldades financeiras: Edith sustentou o casal nos primeiros anos no Rio de Janeiro. Em 1970 nasceu Simone, primeira filha de Raul.

Na companhia de Wisner, estourou no Brasil com “Ouro de Tolo”, em 1973. Foi com ela para o exílio em 1974, por conta do patrulhamento do Regime Militar, e após a prisão de Paulo Coelho.  O parceiro  , Coelho e esposa, à época, Adalgisa Rios, também viajaram aos EUA. 

 Edith participou discretamente da carreira de Raul, inclusive como coautora da música “Let Me Sing, Let Me Sing”. A relação terminou em 1974, quando ela decidiu se mudar com a filha para os Estados Unidos. Hoje, Simone vive fora do Brasil, sem fluência em português e mantendo-se longe da mídia.

O casamento ficou desgastado por conta da vida tumultuada do artista e sua busca ocultista, que se intensificou por volta de 1973, quando Raul mergulhou nas drogas, álcool e na decisão de criar a tal “Cidade das Estrelas”, a Sociedade Alternativa, em parceria com Paulo Coelho. Para piorar, Seixas queria viver a filosofia “Fazes o que tu queres, há de ser tudo da Lei”, que ele procurava viver literalmente. Edith ficou assutada, não suportou a pressão e voltou aos Estados Unidos, de vez. 

As Esposas do Músico Raul Seixas
Raulzito com a jovem Edith Wisner - Imagem Internet

🥈 2. Glória Vaquer – Segunda esposa (1974–1978)

As Mulheres de Raul Seixas.
Raul e Glória Vaquer (1976), grávida de Scarlet - Imagem Internet

Quando terminou seu exílio, Raul retomou suas atividades no Brasil e começou também um novo relacionamento (sem terminar direito o anterior). A lenda do rock se encantou com Glória Vaquer, outra norte-americana, irmã do guitarrista de sua banda, Jay Vaquer, que a apresentou a Raul. Muito incomodada com o “Maluco”, a primeira esposa, Edith, vai para os Estados Unidos e leva a filha Simone. O cantor passou a ver a filha só nas gravações que fez com seu Super-8. Nesse período, sua carreira entra em uma fase mais esotérica, por influência do parceiro Paulo Coelho.

Glória, sua nova esposa, gostava de compor com Seixas. No LP Novo Aeon, de 1975, ela faz a primeira parceria em “Sunseed”. Vaquer também participa de “The Diary”, é dela a voz ouvida na gravação da balada-rock de Neil Sedaka e Howard Greenfield, de 1958, incluída no disco Raul rock Seixas (1977). Os dois compuseram “Love Is Magick”. Ela participou dessas faixas usando o pseudônimo Spacey Glow.

Ao lado de Glória, Raul teve a segunda filha, Scarlet, que nasceu em 1976. Por esse tempo, ele termina a parceria com Paulo Coelho e rompe com a Gravadora Philips. O Maluco Beleza estava cada vez mais comprometido com a bebida e quando Glória havia ido à maternidade para dar à luz à filha do casal, Seixas já estava se envolvendo com quem viria a ser a terceira companheira. A turbulência dessa fase também interferiu em sua vida amorosa. O segundo casamento terminou tal qual o primeiro.

Glória se mudou para os Estados Unidos com a criança em 1978, encerrando o relacionamento musical e matrimonial com Seixas. Depois, adotou o nome artístico Sky Keys e viveu discretamente até sua morte em 2024. Suas participações vocais em álbuns clássicos são hoje preciosidades para os fãs.

🥉 3. Tânia Menna Barreto – Terceira companheira (1978–1979)

Os Casamentos de Raul Seixas
Raul Seixas e Tânia Menna Barreto (1978) - Imagem Internet

Após a partida de Glória, Raul inicia mais um relacionamento, dessa vez, com Tânia Menna Barreto. A artista e escritora conheceu Raul no Rio de Janeiro, em meio ao caos criativo do final dos anos 70. O primeiro encontro com Seixas foi na casa de um amigo em comum, quando o roqueiro chegou em grande estilo, usando um atraente casaco de pele de coelho.

Tânia viveu com Raul uma relação marcada por altos e baixos, drogas, crises existenciais e criações memoráveis. Em 1978, Raul lançou o disco “Mata Virgem”, com a faixa “Pagando Brabo”, composta em parceria com Tânia. Com ela, o músico, um tempo depois, foi para o interior da Bahia, onde iniciou um tratamento para amenizar os efeitos da pancreatite. Já em São Paulo, o cantor foi submetido a uma cirurgia onde perdeu parte do pâncreas, em razão do consumo excessivo de álcool. Com a nova companheira, assina duas composições no disco “Mata Virgem”, de 1978, pela gravadora WEA. Para homenagear a esposa, compôs “Tânia”, que ele gravou depois como “Baby”.

 O relacionamento durou cerca de três anos, embora eles nunca tenham se casado oficialmente. Entretanto, somando o período em que se conheceram e as muitas vezes que se reencontraram até 1984, tiveram um “romance esporádico” de quase oito anos. Tânia lançou em 2024 o livro autobiográfico “Pagando Brabo: Raul Seixas na minha vida de amor e loucuras”, que revela bastidores inéditos da convivência com o Maluco Beleza. Menna Barreto declarou que o músico foi o grande amor de sua vida. 

🏅 4. Kika Seixas (Ângela Affonso Costa) – Quarta esposa (1979 –1984)

Raul com Kika Seixas, a quarta esposa - Imagem Internet

A década foi quente, Raul rompeu com a gravadora WEA (atual Warner Music), mas não saiu de “mãos abanando”, saiu levando a secretária de imprensa da empresa, Ângela Costa, a Kika Seixas (para não perdermos a conta, foi a quarta esposa). Na vida profissional, Seixas diminuiu o ritmo. Foi aí que o casal decidiu ir para São Paulo, onde nasceu Vivian, filha dele com Kika, em 1981.

Kika Seixas foi a esposa mais reconhecida publicamente. Casaram-se por volta de 1979 e juntos tiveram uma filha: Vivian Seixas, hoje DJ e produtora musical. Kika não apenas acompanhou Raul nos bastidores como também participou da construção de sua imagem pública e preservou sua memória após a morte do cantor.

 Após o disco “Abre-te Sésamo”, de 1980, Raul passou por um período de pouca produtividade e não conseguiu emplacar mais nada. A coisa virou em 1983, quando ao gravar no Estúdio Eldorado a canção “Carimbador Maluco”, voltou à mídia, participando inclusive, com essa música, do especial infantil da TV Globo, “Plunct, Plact, Zuuum”, no mesmo ano. O programa foi exibido no dia 3 de junho, como parte do projeto de musicais infantis da emissora. No ano seguinte, ainda conseguiu chamar a atenção do público com “Metrô Linha 743”.

Infelizmente, o Maluco Beleza foi sucumbindo em seus vícios. Uma das mentes mais criativas de nosso cancioneiro foi perdendo a batalha para o alcoolismo. A relação que tinha com Kika não teve como se sustentar. Separação, mais uma vez. Músicas como “Ângela”, “Geração da Luz”, “Quero Mais” e “Coisas do Coração” são fortemente associadas ao relacionamento com Kika. Ela se tornou curadora de parte do acervo de Raul e responsável por diversos projetos póstumos que mantêm seu legado vivo.

🏁 5. Lena Coutinho – Quinta companheira (1985–1988)

Raul e as esposas
Raul Seixas com a esposa Lena Coutinho - Imagem Internet

Depois que termina o seu casamento com Kika, Raul volta à Bahia, lá, encontra-se com Lena Coutinho, que foi a sua última companheira. Estiveram juntos entre 1985 e 1988. Ela o acompanhou nos anos mais difíceis: crises de saúde, recaídas no alcoolismo e isolamento artístico e por fim, uma internação. Mesmo assim, Raul ainda conseguiu emplacar sucessos nessa fase e conquistar um disco de ouro em 1987.

No final dos anos 1980, Raul buscou abrigo em Dias d’Ávila, no interior baiano, fez contato com Lena, passou uma noite em sua casa, foram para a cama e ele ficou sob o mesmo teto com Coutinho por três anos. Ela foi a sua quinta e última esposa. Nesse relacionamento, o roqueiro retoma a composição musical e assina diversas faixas dos álbuns “Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!” e “A Pedra de Gênesis”, entre elas:

  • “Quando Acabar o Maluco Sou Eu”

  • “Paranoia II”

  • “Loba”

  • “A Pedra de Gênesis”

  • “Fazendo o Que o Diabo Gosta”

  • “Não Quero Mais Andar na Contramão”

  • “Senhora Dona Persona”

Canções importantes em sua discografia, tais como “Quando Acabar, o Maluco Sou Eu” e “A Pedra do Gênesis”, foram compostas nesse período. Lena, mesmo longe dos holofotes, esteve ao lado de Raul nos últimos momentos, sendo figura importante na sua luta final contra a cirrose e complicações derivadas do alcoolismo.

A situação de Raul com os vícios e a saúde foi ficando insustentável. Já sem ter o que fazer, Lena Coutinho providencia uma internação, mesmo contra a vontade do artista. Entretanto, alguém conseguiu um mandado para cancelar a internação. Raul voltou furioso para casa e pôs ponto final em mais uma união. Era 1988, e Raul Seixas não se casaria novamente. O cantor faleceu um ano depois. 

Disco de vinil Raul Seixas
LP RAUL SEIXAS - UAH BAP LU BAP LAH BÉIN BUM

🎸 Raul Seixas: Gênio Inclassificável da Música Brasileira

Mais do que seus relacionamentos amorosos, Raul Seixas foi — e continua sendo — uma das figuras mais originais, criativas e provocadoras da história da música brasileira. Sua vida pessoal intensa andava lado a lado com uma mente inquieta e um talento singular para misturar gêneros, ideias e ideologias em forma de canção.

📀 Discografia essencial

Raul lançou cerca de 20 álbuns, sendo os mais marcantes:

  • Krig-ha, Bandolo! (1973) – “Metamorfose Ambulante”, “Mosca na Sopa”

  • Gita (1974) – “Gita”, “Sociedade Alternativa”

  • Novo Aeon (1975) – “Tente Outra Vez”, “Rock do Diabo”

  • Há 10 Mil Anos Atrás (1976) – “Eu Nasci Há 10 Mil Anos Atrás”

  • Raul Rock Seixas (1977) – “Ouro de Tolo”, “Medo da Chuva”

  • A Panela do Diabo (1989) – com Marcelo Nova, seu último registro

Muitas dessas obras seguem sendo relançadas em vinil, mantendo vivo o som analógico e autêntico de Raul.

🤝 Parcerias marcantes

A mais conhecida é com Paulo Coelho, com quem escreveu músicas que se tornaram hinos de rebeldia e reflexão. A relação entre eles foi intensa e transformadora, tanto artística quanto espiritualmente.

Com Marcelo Nova, Raul gravou seu álbum de despedida, “A Panela do Diabo”, numa fase em que já enfrentava problemas graves de saúde. O disco é cru, direto e profundamente humano.

🧠 A genialidade do Maluco Beleza

Raul Seixas - Radio Na Era do Vinil
Raul Seixas, em 1984, fazendo ensaio fotográfico para divulgar seu álbum

Raul Seixas misturava rock, baião, samba, psicodelia e música infantil com letras afiadas e cheias de referências filosóficas, místicas e sociais. Era um artista que não se encaixava em rótulos, sempre se reinventando e desafiando o status quo.

Sua persona cênica, sua postura crítica e seu carisma fizeram dele um ícone atemporal. E enquanto a indústria se moldava ao mercado, Raul gritava contra a padronização.

O fim de uma jornada intensa

Raul Seixas faleceu em 21 de agosto de 1989, aos 44 anos. Oito dias antes de partir, o roqueiro baiano fez seu último show em Brasília. A vida amorosa conturbada, os altos e baixos com a bebida e sua genialidade musical compõem o legado de um artista que nunca quis ser somente mais um.

“Prefiro ser essa metamorfose ambulante / Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.”

 Raul deixou muito mais que canções. Deixou ideias, provocações, sentimentos e a eterna figura do Maluco Beleza, símbolo da rebeldia e da liberdade no rock brasileiro. Evidentemente, ele foi mais um artista que provou com a própria biografia que os vícios desafinam a música da vida. 

Raul Seixas – Maluco Beleza
Compositores: Raul Seixas / Cláudio Roberto
Ano: 1977

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Raul Seixas - Músico

A Biografia

Conheça as histórias sobre o Maluco Beleza

Compartilhe isso:

Curtir isso:

Curtir Carregando...