Celly Campello: Na era do rock'n'roll e do twist, cantora personificou o brotinho que apaixonou o Brasil.
Com seu rock ingênuo Celly foi pioneira
Celly Campello é pop, é rock é a eterna Rainha da Juventude. Nascida em 18 de junho de 1942 (SP), a intérprete de Banho de Lua está imortalizada como um dos grandes nomes do rock nacional. A estrela encantou os brotos entre 1959 e 1962. Um pouco antes do estouro que foi Wanderléa, Campello foi a primeira a brilhar no reino masculino do rock fundado nos Estados Unidos, ao longo dos anos 1950. Enquanto, os rapazes davam seus primeiros acordes no “embrião” do que viria a ser o movimento Jovem Guarda, Celly introduzia o rock no cenário do disco em seus 78 rotações por minuto.
O NASCIMENTO DA ESTRELA DO DISCO
A menina rock’n’roll nasceu na cidade de São Paulo (SP), no mesmo dia em que Paul McCarrtney veio ao mundo em Liverpool, na Inglaterra. Célia Campello Gomes Chacon (18 de junho de 1942 – 4 de março de 2003) foi a primeira estrela do pop juvenil do Brasil e, teve apenas quatro anos dedicados a uma curta carreira, mas que deixou muitas alegrias e uma legião de fãs. Com apenas 5 anos ela já estava se apresentando em uma rádio de Taubaté, cantando Tico-Tico no Fubá. Pouco tempo depois, aos doze anos, já tinha um programa de rádio, na “Cacique”, na mesma cidade.
Elis Regina foi escalada para "rivalizar" com Celly
Na Era do vinil, ou melhor, do rock e do twist, Celly foi o brotinho encantador do Brasil, como deixou registrado em 1961, no título de seu quinto álbum. Precursora do rock no país, Campello deixou a carreira artística no auge para se casar. Sobre a música, ela emprestou sua voz a um rock doce e comportado, na realidade, ingênuo, que abarcava a realidade comportamental da classe média brasileira dos anos 1950 e do início da década de 1960. Celly alcançou tamanha popularidade com a juventude, a ponto de outra gravadora induzir a gaúcha Elis Regina a imitar Celly, na estreia de sua jornada no mundo fonográfico em 1961, no disco “Viva a Brotolândia”.
O primeiro álbum veio em 1959
O primeiro disco de Celly foi gravado em 1958, um single duplo de 78 rotações que ele dividiu com o irmão Tony Campello, e a faixa que teve o registro da jovial cantora, com apenas 15 anos, foi cantada em inglês (Handsome Boy). As bases das músicas foram feitas pelo acordeonista Mário Genari Filho e seu conjunto. A gravadora foi a ODEON. Agora, o sucesso, veio mesmo em 1959, com o single em que Celly lançou Estúpido Cupido, versão em português de “Supid Cupid” (Neil Sadaka e Howard Greenfield, 1958), escrita por Fred Jorge (1928-1994).
Quando lançou o primeiro álbum em setembro de 1959, Estúpido Cupido, Celly já tinha outros sucessos. Versão em português de Fred Jorge para Have lips will kiss in the tunnel of love (Bob Roberts e Patty Fischer, 1958), música apresentada ao mundo na voz da cantora Doris Day (1922 – 2019), Túnel do amor abriu mais caminho, em single editado em julho de 1959, para o reinado adolescente de Celly.
O casamento com José Eduardo em 1962
Mas para tristeza de toda uma geração que se espelhou no trabalho Celly, aos 20 anos, no auge da carreira, a estrela deixou tudo para se casar com o contador José Eduardo Gomes Chacon seu namorado desde a adolescência. O enlace foi realizado no Cartório Civil do 2º Subdistrito, no dia 05 de maio de 1962. A festa foi na casa da noiva na Praça Santa Terezinha. No dia 8 maio 1962 a emoção e delírio na Igreja superlotada de Fãs, que levaram Celly ao altar. A cerimonia era interrompida várias vezes pelo vigário que implorava Silêncio. Mais de 2.000 fãs receberam Celly Campello com palmas, hurras à porta da Igreja Sagrado Coração de Jesus. Ela chegou um pouco atrasada, descendo de um Bel Air creme e verde, atravessou uma ala formada por cadetes da Escola de Força Pública, em uniforme de gala azul e seguiu para a entrada da igreja.
Ao ser recebida pelo Noivo no altar, Celly chorou. A cerimónia foi realizada pelo Cônego Cícero de Alvarenga, vigário em Taubaté e grande amigo da Família. Fãs exaltados conseguiram invadir a capela-mor. Vários fotógrafos, cinegrafistas e repórteres registraram o evento. Encerrada a cerimónia Celly ganhou um beijo na testa de seu noivo e novamente chorou.
Ela deu um banho de lua e de alegria ao Brasil
Celly Campelo foi pioneira, popstar feminina do rock, imortalizada na história de nossa música, a importância da cantora está em ter surgido antes de todo mundo, de ter exercido com competência os primeiros passos do pop e rock nacionais. Ela abriu portas para os granes nomes femininos do rock’n’roll que vieram depois. A artista tentou retomar a carreira em 1968, mas não foi bem-sucedida. Somente, em 1976, com o sucesso na Novela Estúpido Cupido (TV Globo), que gerou uma atmosfera nostálgica, inclusive com a voz de Campello em sua trilha, voltou a experimentar o sucesso dos velhos tempos. Ela brilhou em um período em que o rock tinha pouco de brasileiro, mas tinha a grande Celly!
Filme conta nas telonas o sucesso meteórico da estrela do rock
No dia 16 de junho (2022) estreou nos cinemas o filme Um Broto Legal. Sinopse: ao final dos anos 50, Célia Campello é uma jovem de 16 anos em Taubaté, interior de São Paulo. Uma espécie de celebridade local, ela canta na rádio da cidade, onde tem um público cativo. Seu irmão, aspirante a cantor, acaba se mudando para São Paulo, onde é descoberto por um caça-talentos. Depois, será a vez dela. E esse é só começo da carreira daquela que ficou conhecida como Celly Campello, precursora do rock no Brasil, e responsável por hits como Banho de Lua e Estúpido Cupido.