Ele foi um dos maiores cantores de seu tempo. Rivalizava com Roberto Carlos em número de discos vendidos e de fãs. Os admiradores de Simona diziam que ele deixava o mocinho da Jovem Guarda no chinelo em um aspecto: a voz. Simonal tinha o timbre mais poderoso, uma performance que o distinguia, era abrir a boca para cantar e um grande show se iniciava. O artista animava a plateia como nenhum outro, pelo menos entre meados dos anos 1960 e meados da década de 1970. Foi um furacão, como foi Elis Regina entre as mulheres. Ao longo de sua carreira, ganhou grana, ostentou riqueza e se divertiu como poucos. Sua voz possuía o swing da alegria.
LP Wilson Simonal, Alegria, Alegria! |
Nem vem que não tem, porque mamãe passou açúcar no sujeito. Wilson Também foi lançado e orientado por Carlos Imperial. Poucos artistas aqui, e fora do país, conseguiram ter uma desenvoltura de palco e domínio da plateia como Simonal. Seus maiores sucessos foram “Sá Marina“, “Nem Vem que Não Tem“, “Mamãe Passou Açúcar em Mim”, “Tributo a Martin Luther King“ e “País Tropical”. Fez dupla com a estrela Sarah Vaughan – cantora maior dos EUA. Viveu um momento dramático em sua carreira quando foi acusado de ter denunciado injustamente seu contador, que foi preso e sofreu maus tratos no cárcere. Ainda era tachado por colegas de profissão como alguém conivente com o Regime Militar. Estes episódios foram diminuindo seu brilho e fechando várias portas.
Wilson Simonal |
Apesar da tentativa de alguns grupos de apagarem o astro da história, continua sendo um dos mais respeitados pelo grande público que pertenceu à geração de Simona e, vem conseguindo novos admiradores, mais jovens, que descobrem sua arte. Foi um artista “monstro”, que inspirou Jorge Ben – dando a esse noviço compositor, à época, um novo patamar com a gravação de País Tropical. Uma de suas mais impressionantes apresentações foi no Maracanã, quando regeu uma orquestra de milhares que ocupavam as arquibancadas. Polêmico, odiado, amado e, acima de tudo, um showman, cheio de swing e pilantragem: “pra deixar cair!” – como ele dizia. Nos deixou em 25 de junho de 2000. Nessa apresentação (abaixo), de 1979, podemos perceber que ele fundia a cabeça de músicos e da plateia em apresentações que fazia no exterior. Era muita desenvoltura para uma “galera” engessada. A trajetória do cantor Wilson Simonal, do céu à lama, é reconstituída de forma excepcional no documentário “Ninguém Sabe o Duro que Dei”.