Um dos maiores sucessos de Elza Soares, "Meu Guri", tem versão póstuma e chega às mídias digitais
Nova versão de “Meu Guri,“ performada por Elza Soares, chegou às plataformas digitais nesta sexta, 22 de abril (2022). A canção inédita foi gravada pela artista no Salão Nobre do Theatro Municipal de São Paulo, apenas dois dias antes de sua morte, em 20 de janeiro.
A versão da música de Chico Buarque cantada por Soares conta com a participação do pianista Fábio Leandro — e faz parte do disco visual Elza ao vivo no Municipal, que será lançado em 13 de maio e tem o patrocínio de Natura Musical.
“Meu Guri” também ganhará um clipe na próxima segunda, 25 de abril, gravado na sala onde, atualmente, acontece a exposição Contramemória, da programação do centenário do movimento modernista no Brasil.
No videoclipe, Soares se conecta com o Theatro por meio das músicas, roupas, adereços e até mesmo com o próprio corpo. Considerada a voz do milênio, a artista carioca morreu em 20 de janeiro, aos 91 anos, por causas naturais.
Sem meias palavras: “Vim do planeta fome”. A resposta de Elza Soares a Ary Barroso em seu programa de rádio, em 1953, na primeira vez em que se apresentou ao vivo, é um dos momentos mais lembrados da carreira da cantora. Esse cartão de visita já mostrava o tom provocador e destemido, que marcou toda a trajetória dessa artista carioca, que ficou famosa, não só pela voz potente, mas também pela postura.
Naquele dia, na Rádio Tupi, Elza se apresentou e emendou uma interpretação da canção “Lama”, de Paulo Marques e Aylce Chaves: “Se quiser fumar, eu fumo / se quiser beber, eu bebo”, entoavam os versos, que se tornariam marcantes.
Elza atravessou o século 20 experimentando sua música com gêneros como o samba e o jazz, e chegou aos anos 2000 com disposição renovada, colaborando com artistas jovens e propondo um discurso contemporâneo. Ao todo, Elza Soares lançou 34 álbuns ao longo da sua carreira. Seu talento foi revelado em 1953, quando participou do programa “Calouros em desfile”, apresentado por Ary Barroso na Tupi.
Em outubro de 1967, Elza Soares [1930-2022] estava em São Paulo para intepretar o samba ‘Isso não se faz” no histórico festival de música popular brasileira da Record. Mas a música a ser defendida por ela e o próprio festival ficaram em segundo plano na entrevista da cantora às vésperas da competição. O assunto era a notícia de que ela iria abandonar a carreira.
“Eu? Abandonar a minha carreira, nunca. Ainda não me sinto estabilizada na vida. Além disso gosto de cantar a nossa música, o samba é lógico. Existe outra música brasileira que não seja samba? Você conhece?”. Elza Soares fingia-se de irritada com a notícia publicada de que ela estava disposta a abandonar a sua carreira, “coisa que não posso fazer porque tenho cinco filhos e preciso educá-los. Talvez daqui uns três anos, se estiver bem de situação, poderei traballhar menos, mas não parar” frisa com humor.”
A estabilidade mencionada pela cantora na entrevista era algo que nunca viria. E mais de 50 anos depois Elza continuaria cantando. Não apenas samba, como defendia naqueles dias. Com seu estilo, energia e voz inconfundíveis, cantou bossa, jazz, blues, rock, funk, soul e qualquer ritmo que lhe despertasse uma nova fome de viver e de cantar.
Confira a nova versão de Elza Soares para “Meu Guri” (no Spotify)
Fontes: Rolling Stone / Estadão / G1