O mundo inesquecível e mágico das radionovelas
O ano era 1951, a família sentava próxima ao aparelho valvulado e seus membros sorriam e sonhavam. Entrava no ar, pela Rádio Nacional, “O Direito de Nascer”. A beleza física do ator destes folhetins radiofônicos não contava muito, aliás, quem ligava? Entretanto, a voz era superimportante!
A radionovela é um produto de rádio drama voltado à ficção e ao romance. Os fatores que mais captavam a atenção do ouvinte eram as histórias, os atores e os efeitos sonoros. Muitas histórias vinham principalmente de Cuba e do México e então eram traduzidas e interpretadas por atores brasileiros.
As radionovelas brasileiras foram muito populares durante os anos 40 e 50. A partir dos anos 60, com o advento da televisão, a audiência nas radionovelas começou a cair até que se extinguiu ao final dos anos 70.
“O Direito de Nascer” foi a radionovela brasileira de maior sucesso. Ela teve início em 1951 e com 314 capítulos, durou quase três anos, contrariando os críticos que teriam dito que a radionovela seria um fracasso pois os ouvintes não queriam uma radionovela tão longa. Outras radionovelas de grande repercussão foram: “Fatalidade” e “Mulheres de Bronze”, originais de Cuba e França, respectivamente.
Na era de ouro do rádio, as radionovelas foram fundamentais para que a história do rádio brasileiro se configurasse. Elas estimularam a imaginação dos ouvintes e projetaram uma série de radio-atores que, posteriormente, migraram para a televisão.
Entre os brasileiros pioneiros na radiodramaturgia, estão Oduvaldo Vianna, Amaral Gurgel e Gilberto Martins. Em seguida, vieram os autores Dias Gomes, Mário Lago, Mário Brazzini, Edgar G. Alves, Alfredo Palacios, Janete Clair e Ivani Ribeiro. Muitos deles, inclusive, se imortalizaram escrevendo para outro gênero, a telenovela.
Já na década de 60, diversos atores e autores de sucesso das radionovelas seguiram a tendência da época e migraram para a televisão, formando assim as telenovelas.
Apesar das radionovelas não existiram mais, aspectos como a sonoplastia elaborada, as atuações e as histórias cativantes, são estudados e deixaram sua marca até os dias atuais.
Anos 1950, a menina não tinha notebook no quarto, o garoto não tinha Playstation no seu também, a mãe não tinha tablete, ou smartphone para acessar o facebook da cozinha, e claro, o pai não tinha TV por assinatura para assistir a mais um clássico do futebol. O encontro de todos era ali, na mesma sala, ouvindo um radioator, que com sua arte estimulava a imaginação do ouvinte. Da mesma forma em que os fãs das telenovelas ficam ansiosos por mais um capítulo, com o rádio a expectativa era a mesma! Todos ficavam loucos aguardando as novas emoções. Quem viveu esse momento mágico não esquece também de “Jerônimo – O Herói do Sertão” (1958), que teve a narração de Mário Lago. Tempo maravilhoso em que as novelas elevavam a audiência nos incríveis anos dourados, à época do vinil!
EBC regrava cenas da radionovela Em Busca da Felicidade. O vídeo mostra ao espectador os truques e a sonoplastia no radio nos idos 1940.