O que levou uma cantora de samba-canção – geralmente música que falava de um amor doído, um relacionamento conturbado, fracassado – a entrar nessa “nova onda do disco” e gravar um rock? Simples. Como ela era uma das únicas pessoas da gravadora Continental que sabia inglês em 1955, o hit de Bill Halley ganhou a sua interpretação especial por esse fato. A gravação foi feita em um disco de 78 RPM, com o acompanhamento do Sexteto Continental e manteve a letra original, em inglês. A cantora da fossa, dona de uma voz grave e marcante, reconhecida estrela dos Anos de Ouro do Rádio Brasileiro, também por esse feito, virou história. Nora gravou o disco em outubro de 1955.
Uma curiosidade: cantou em inglês, mas a música foi comercializada com o nome em português, “Ronda das Horas”, para viabilizar a execução. Possivelmente, muitos locutores não conseguiriam pronunciar o título em inglês, boa parte do público também não se arriscaria nessa Língua da terra do Tio Sam para solicitar a canção ou o disco preferido. A artista tinha um jeito peculiar de cantar, quase “falando” as letras carregadas de sentimentos em suas interpretações. Além do dom que tinha, imprimiu nas faixas dos discos um pouco de sua dor, experiências e seu amor.