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Rádios antigos e vitrolas: anos 2010, algo inesperado começou a acontecer — aqueles com gabinete em madeira, mostradores em AM, válvulas e o calor das transmissões — voltaram a brilhar.
Mais do que peças de decoração, esses aparelhos tornaram-se símbolos de reconexão com o passado, com suas imperfeições sonoras carregadas de história e autenticidade. Em cidades como Votuporanga e arredores, cresce a demanda por conserto desses equipamentos. Aos que buscam “tirar do armário” seus velhos rádios e vitrolas, o tempo parece voltar — e com ele, memórias, vozes e músicas inesquecíveis. Sempre vale lembrar, que as músicas e álbuns que marcaram os anos dourados, também estão na Rádio Na Era do Vinil.
Fernando Norberto Tomé, técnico em eletrônica com quase três décadas de experiência, viu sua profissão reviver com a onda saudosista. Ele recebe aparelhos de várias cidades do interior de São Paulo, e o que antes era um serviço simples, agora exige busca por peças raras na internet, paciência e dedicação.
“Uma vez que conserta, é muito difícil estragar de novo”, afirma Fernando.
Mais do que um reparo técnico, ele oferece uma viagem no tempo para seus clientes.
Nos anos 30 a 60, o rádio era o centro da casa brasileira. Programas humorísticos, radionovelas, transmissões esportivas e musicais dominavam as ondas sonoras. Famílias se reuniam ao redor dos aparelhos de madeira para ouvir locutores icônicos como César de Alencar, Haroldo de Andrade e Blota Júnior.
Com o tempo, rádios universitárias e comunitárias fortaleceram a cultura local e deram espaço a novos estilos. Mesmo com o avanço da televisão, o rádio manteve sua força — e hoje, retorna como símbolo retrô com valor sentimental.
Enquanto o Brasil vivia sua fase áurea, os EUA viam surgir estúdios lendários como a Sun Records e a Motown, que marcaram para sempre a história da música mundial.
Gravar em vinil significava capturar a alma da performance ao vivo. O som orgânico, a textura e até os pequenos chiados eram parte da experiência. Nos Estados Unidos, colecionadores e jovens audiomaníacos seguem buscando essa fidelidade analógica que nenhum streaming oferece.
Por décadas, a produção de vinis esteve quase morta no Brasil. Mas com a volta do interesse, fábricas como a Vinil Brasil surgiram para atender a demanda crescente de artistas e consumidores apaixonados pelo som analógico.
Nos Estados Unidos, fábricas de discos, a exemplo da United Record Pressing nunca deixaram de funcionar por completo. Selos independentes e grandes gravadoras mantiveram viva a arte da prensagem, agora com tecnologia híbrida, sem perder o charme do passado.
A paixão por rádios antigos também atinge o universo dos radioamadores. Muitos restauram transmissores, rádios militares ou domésticos dos anos 40, 50 e 60, com válvulas, mostradores iluminados e circuitos clássicos.
O conserto de vitrolas também está em alta. Mesmo sem produção em massa, os antigos toca-discos voltaram à ativa com peças recuperadas, limpeza de agulhas e ajustes finos. O som quente, cheio de personalidade, encanta.
Com o boom dos LPs, marcas como Audio-Technica, Pro-Ject e Vitrola (EUA) lançaram aparelhos com design retrô e tecnologia atual: Bluetooth, saída USB, braço de alumínio, agulhas substituíveis.
Muitos jovens que nunca viram um disco girar agora iniciam suas coleções e buscam vitrolas de entrada. Outros, mais exigentes, investem em equipamentos hi-fi.
Mais que ouvir, trata-se de sentir. O toque da agulha, o chiado inicial, o encarte com fotos, o ritual de virar o disco — tudo compõe uma experiência que vai além da música. O vinil é arte, é memória, é pausa no tempo.
Consertar um rádio ou vitrola antiga também é um gesto sustentável. Em vez de jogar fora, essas relíquias voltam a funcionar e fazem parte da decoração e da história pessoal de muitas famílias.
Restauração de vitrolas: pode variar de R$ 400 a R$ 2.000
Rádios antigos: modelos raros ultrapassam R$ 1.500
Vitrolas novas básicas: a partir de R$ 700
Modelos profissionais: até R$ 5.000
Com o aumento da produção de discos no Brasil e a valorização dos equipamentos antigos, o mercado está em expansão. Oficinas especializadas, feiras de vinil e fóruns de colecionadores se multiplicam.
A volta dos rádios antigos, vitrolas e discos de vinil não é apenas um modismo passageiro. É um movimento cultural profundo, que valoriza memória, estética, som e história.
Na Era do Vinil, seguimos celebrando essa jornada. Porque cada rádio restaurado, cada disco tocado, cada vitrola recuperada — é um pedacinho do passado que insiste, com charme e beleza, em tocar o presente.
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