Francisco Cuoco morre aos 91 anos e deixa legado na TV e na música com sucesso dos anos 70

Morre Francisco Cuoco

Poucos artistas simbolizaram tanto a era de ouro da televisão brasileira como Francisco Cuoco, que nos deixou hoje, aos 91 anos. Conhecido principalmente por seus papéis em novelas memoráveis, o ator de “O Astro” também teve uma inesperada e curiosa incursão na música, gravando um compacto que se transformou em sucesso nas rádios da década de 1970 — e que hoje segue presente na programação nostálgica da Rádio Na Era do Vinil.

O Brasil se despede de um dos maiores galãs da história da TV, mas a memória de Cuoco seguirá viva tanto nas reprises de suas novelas quanto na suave e romântica melodia de “Todo o Tempo do Mundo” — uma adaptação brasileira do instrumental Soleado, que encantou milhares de ouvintes. Além desse disco, Cuoco gravou outros vinis. 

Vinil Francisco Cuoco

📺 Um ícone das novelas e da dramaturgia brasileira

Francisco Cuoco nasceu no Rio de Janeiro, em 29 de novembro de 1933. Antes de entrar para o teatro e a televisão, cursou Direito, mas sua verdadeira vocação o levou para os palcos. Estreou na televisão em 1963, e sua trajetória na TV Globo o consolidou como um dos grandes nomes da teledramaturgia nacional.

Foi em papéis como Carlão, de “Pecado Capital” (1975), de Janete Clair, que Cuoco entrou de vez no imaginário popular brasileiro. A história do taxista honesto que encontra uma mala de dinheiro e precisa decidir entre devolver ou mudar de vida foi um dos maiores sucessos da época. Seu rosto virou sinônimo de protagonista, e sua imagem de galã acompanhou o Brasil em várias gerações.

Outros papéis marcantes incluem:

  • Palace II em “O Rebu” (1974)

  • Miguel Fragonard em “Fera Radical” (1988)

  • Alberto Limonta na versão de “O Direito de Nascer” (1964)

  • Alfredo Baragatti em “Coração Alado” (1980)

  • O duplo papel de José Alfredo e Silviano em “Império” (2014), de Aguinaldo Silva

Sua versatilidade ia do drama à comédia, do mocinho ao vilão. Cuoco era a personificação do galã com profundidade — sua atuação sempre elegante, contida, mas cheia de expressividade.

🎙️ A surpresa musical: o sucesso de "Todo o Tempo do Mundo"

Compacto FRancisco Cuoco

Pouca gente sabe, mas no auge de sua fama nos anos 70, Francisco Cuoco também foi parar nas paradas de sucesso. Em 1974, ele lançou um compacto simples pela RCA Victor, trazendo na faixa principal a música “Todo o Tempo do Mundo”.

A canção é uma versão em português de Soleado, um tema instrumental criado por Ciro Dammicco, que a lançou em 1974, na Europa, vendendo nesse ano mais de cinco milhões de cópias. No Brasil, teve a adaptação, com létra poética de Hélio Matheus, e Cuoco foi convidado para interpretá-la, com sua voz suave e carregada de emoção.

A música embalava romances e tocava nas rádios do país inteiro. Era comum ouvi-la nas trilhas sonoras de novelas da época, nos programas de auditório, nas festas de família. Seu tom melancólico, aliado à interpretação contida e sincera de Cuoco, conquistou corações.

Em 1974, no auge de sua carreira na televisão, Francisco Cuoco protagonizou uma curiosa e delicada incursão no universo da música — mas não como cantor, e sim como intérprete de um texto poético e apaixonado. Lançado pela RCA, o compacto simples trazia a faixa “Todo o Tempo do Mundo”, uma versão falada da melodia internacionalmente conhecida como Soleado.

A letra declamada dizia:

“Hoje tenho tempo
Tenho todo o tempo do mundo
Para pensar em nós
Para pensar em ti, em mim
Em todas as pequenas coisas que fizemos
Que até agora não entendo
Porque te amo, te amo e como te quero…”

A emoção da gravação está na entrega sincera de Cuoco, que usa sua voz — já conhecida por embalar tantas novelas — para dar vida a uma narrativa íntima e universal. O texto se tornou um sucesso nas rádios da época, tocando nas noites românticas e em programas de auditório.

Não por acaso, essa faixa ainda é lembrada e valorizada por colecionadores de discos e fãs da chamada “música de sentimento” dos anos 70.

Na Rádio Na Era do Vinil, “Todo o Tempo do Mundo” segue tocando, com sua aura nostálgica e envolvente, despertando lembranças de um tempo em que o amor era falado com calma, entre acordes suaves e vozes que pareciam sussurrar verdades eternas. Abaixo, trechos de “Soleado” e “Deus Como Te Amo”.

📻 O disco que ainda toca na Rádio Na Era do Vinil

Na Rádio Na Era do Vinil, onde celebramos as músicas que embalaram corações entre as décadas de 1950 e 1980, “Todo o Tempo do Mundo” permanece em nossa programação especial. Sempre que a faixa vai ao ar, recebemos mensagens de ouvintes dizendo: “Essa música me faz lembrar do meu primeiro amor” ou “Eu não sabia que era o Francisco Cuoco declamando!”.

É esse tipo de memória afetiva que torna o legado de artistas como ele ainda mais forte. Francisco Cuoco foi mais do que um ator — foi voz, rosto, símbolo de uma época em que televisão e música popular caminhavam juntas para criar momentos inesquecíveis.

Ator Francisco Cuoco
Francisco Cuoco em Selva de Pedra - Reprodução TV Globo

🌟 Legado eterno

Cuoco participou de mais de 40 novelas, dezenas de peças teatrais, filmes e especiais para a TV. Mas sua contribuição vai além da atuação. Ele foi um símbolo de um tempo em que os galãs da TV representavam a elegância, o romantismo e a inteligência.

O compacto com “Todo o Tempo do Mundo” é uma joia rara. Não apenas pela música, mas por simbolizar a época em que os artistas também eram figuras multifacetadas, presentes na vida do público por todos os canais possíveis: TV, rádio, cinema, revistas e, claro, o vinil.

O artista estava há 20 dias internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. A morte, por falência múltipla dos órgãos foi confirmada pela família e sua assessoria de imprensa. O velório, aberto ao público, será nesta sexta-feira (20), das 7h às15h , no Funeral Home (Rua São Carlos do Pinhal, 376 , Bela Vista, São Paulo). O enterro, às 16h, será fechado para familiares e amigos.

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