
Em 2025, celebramos os 60 anos da Jovem Guarda, o movimento que detonou uma transformação cultural no Brasil e fez com que aquela geração descobrisse sua própria voz, entre terninhos, guitarras elétricas e gírias que atravessaram os tempos. Surgido com o programa da TV Record em 1965, o fenômeno iê-iê-iê, liderado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa, foi muito mais que um estilo musical: foi um grito de liberdade juvenil que reverbera até hoje. Abaixo, um mergulho nostálgico e informativo nesse legado que ainda gira no vinil.
O nome “Jovem Guarda” nasceu em 22 de agosto de 1965, com o programa televisivo que levou música, moda e comportamento diretamente aos brotos de todo o Brasil. A estética ousada dos apresentadores — ternos sem gola, cabelos compridos, calças boca de sino — transmitia o frescor de uma juventude que buscava identidade própria, embalada pela batida internacional do rock.
O movimento dialogava com o que acontecia no mundo do rock e do soul, mas com uma versão bem brasileira — letras adoçadas, melodias grudentas, linguagem próxima do cotidiano e adaptações de hits internacionais — a fórmula perfeita para conectar-se com o jovem da época.
O programa rapidamente virou um fenômeno de audiência, com até 3 milhões de espectadores apenas em São Paulo, além de ser distribuído por videotape para outras capitais. A cada domingo, a televisão tornava-se um palco de moda, música e atitude — e repaginar o uso da guitarra elétrica, que viria a ser tão criticada por alguns setores, mas abraçada com fervor pela juventude.
Além do trio à frente do programa, muitos artistas ganharam espaço e contribuíram para a expansão do movimento:
Ronnie Von, Eduardo Araújo, Jerry Adriani, Wanderley Cardoso, Martinha, Vanusa, Sylvinha Araújo, Leno & Lilian, Evinha (Trio Esperança), Deny & Dino, Dick Danello, Agnaldo Rayol, Reginaldo Rossi, Sérgio Reis, Jorge Ben, entre outros.
Golden Boys, vocal group influente do doo-wop, e bandas como Renato e Seus Blue Caps, Os Incríveis, The Fevers foram pilares da sonoridade jovem e do rock nacional de então.
Figuras como Giane e Getúlio Côrtes deram sua contribuição como intérpretes e compositores, com repertório gravável e impacto nas rádios.
Alguns hits definiram aquela era e vivem na memória:
“Quero que Vá Tudo pro Inferno” – Roberto Carlos
“É Proibido Fumar”, “O Calhambeque” – Roberto & Erasmo
“Prova de Fogo”, “Vou lhe contar” – Wanderléa
“O Bom” – Eduardo Araújo
“O Milionário” – Os Incríveis
“A Volta” – Os Vips
Essas músicas faziam brotar identidades e ganhavam vidas no vinil, no rádio e nos bailes — entraram para o cancioneiro afetivo nacional.
Apesar do sucesso comprovado, a Jovem Guarda enfrentou resistência. Críticos ligados à MPB consideravam-na “alienante”, superficial, até manipulado pelo mercado. A polarização foi tão forte que artistas como Elis Regina e Gilberto Gil chegaram a protestar contra a guitarra elétrica — no episódio conhecido como Marcha contra a Guitarra Elétrica, em 1967.
Em 27 de fevereiro de 2025, o Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, inaugurou uma exposição para celebrar os 60 anos da Jovem Guarda. A mostra reúne discos, pôsteres, roupas, revistas, vídeos e fotos que reavivam o clima daquela era — diversão, rebeldia leve e música para os jovens.
Para o curador André Sturm, a Jovem Guarda foi o primeiro projeto musical que falava diretamente com os jovens — o caráter inovador que precisamos resgatar hoje.
Reinvigoração da indústria musical jovem — gravadoras, instrumentos e público foram impulsionados pelo fenômeno.
Precedente para movimentos como a Tropicália, que expandiram o som, agregando crítica e identidade estética ao iê-iê-iê .
As gírias e o estilo Jovem Guarda ainda reverberam nos encontros nostálgicos, tributos, coletâneas e celebrações do gênero.
Com cinco décadas e mais, os 60 anos da Jovem Guarda nos convidam a celebrar não só a música, mas a coragem artística, o empurrão cultural na cena jovem e a beleza de um movimento que ainda brilha no vinil e vive nas memórias. É esse hino eterno à juventude que seguimos tocando na Rádio Na Era do Vinil — lembrando, revivendo e repartindo emoções que o som dos anos 60 jamais apagará.
A Jovem Guarda foi um movimento cultural e musical brasileiro que surgiu em 1965, a partir do programa de TV apresentado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa. Tornou-se um fenômeno de massa, marcando a juventude com canções românticas, guitarras elétricas e um estilo moderno que influenciou moda, comportamento e a própria indústria fonográfica.
Além do trio principal – Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa – a Jovem Guarda contou com nomes como Ronnie Von, Golden Boys, Martinha, Vanusa, Leno & Lilian, Jerry Adriani, Eduardo Araújo, Silvinha Araújo, Os Incríveis e Renato e Seus Blue Caps, entre muitos outros que ajudaram a criar a identidade sonora do movimento.
Entre os maiores sucessos estão “Quero que Vá Tudo pro Inferno”, “É Proibido Fumar”, “Coração de papel” (Sérgio Reis, 1966) – Sérgio Reis, “Festa de Arromba”, “Coruja“ (Deny e Dino, 1966) – Deny & Dino, “Splish Splash”, “Parei na Contramão”, “O Bom”, “O Bom Rapaz”, “Era um Garoto que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones”, “Se Você Pensa”, além de baladas inesquecíveis como “Ternura” (Somehow it got to be tomorrow / today) – Wanderléa, 1965, “Eu não sabia que você existia” (Renato Barros e Tony, 1966) – Leno & Lilian.
A Jovem Guarda abriu as portas para o rock nacional, popularizou a guitarra elétrica no Brasil e formou uma geração de artistas que influenciariam a MPB, o pop e até o sertanejo moderno. Também aproximou a juventude da música produzida no país, em um período em que o rádio e a televisão começavam a moldar comportamentos em escala nacional.
Sim. Muitos músicos contemporâneos revisitam os sucessos da época, seja em regravações, seja em referências estilísticas. O legado de liberdade, juventude e modernidade permanece vivo, especialmente nas homenagens a Roberto e Erasmo Carlos e no reconhecimento da Jovem Guarda como marco cultural.
Porque o programa de televisão “Jovem Guarda” estreou em 22 de agosto de 1965, na TV Record. Em 2025, esse marco chega a seis décadas, celebrando um movimento que mudou para sempre a história da música brasileira.
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